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Sobre

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Quem é Juliane Costa

"O que você vai ser quando você crescer?"

 

Essa frase - que ficou gravada no eterno hino "Pais e Filhos" do Legião Urbana - já foi perguntada (algumas) vezes a qualquer pessoa quando criança.

 

Engraçado que nem todo mundo lembra o que queria ser quando tinha 10 anos; mas, esses dias, eu estava pensando sobre o assunto, e para minha surpresa, lembrei que nessa idade eu queria ser o que hoje chamam de CEO: uma executiva de sucesso de alguma grande empresa. Para encarnar a personagem, eu tinha uma carteira onde guardava cartões de crédito (usados, da minha mãe), um passaporte (uma antiga caderneta da escola), além de identidade e cheques (falsos, claro, mas antigamente era normal andar com cheque na carteira).

Naquela época, sonhar em ser uma grande empresária ou coisa do tipo era o mesmo que sonhar em ir à Lua. Minha mãe era dona de casa, e meu pai teve que fazer faculdade já com duas filhas para tentar melhorar de emprego. Morávamos no subúrbio do Rio, e para completar o quadro, eles começaram uma obra na casa justamente quando veio o plano Collor (aquele que confiscou as poupanças, lembra?). Resultado: as contas da família nunca mais saíram do vermelho.

 

Cresci ouvindo meus pais dizendo que não tinham dinheiro. Para tentar fazer uma grana, eu vendia desenhos na hora do recreio (com 11 anos eu não tinha muitas alternativas); por vezes, caminhava da escola até nossa casa (uns 5 km) para economizar a mesada. Como vinha de uma escola de bairro da Zona Norte, meti a cara nos livros, e consegui entrar numa faculdade pública - Engenharia Eletrônica, na UERJ; assim, podia dar uma aliviada pro bolso do meu pai. 

 

Acho que por viver nesse ambiente de escassez, prometi a mim mesma que quando ficasse adulta, seria uma mulher independente. Como minha mãe era uma coruja, costumávamos assistir ao Jornal da Globo juntas, e nele sempre assistíamos aos trechos dos desfiles de alta costura que aconteciam em Paris. Eu era completamente apaixonada por Moda (nessa época, já sonhava em ser estilista), e decidi que se pudesse realizar somente um sonho, em toda a minha vida, seria conhecer Paris.

 

O tempo passou, e aos poucos, eu fui buscando meu lugar ao Sol. Não era fácil, estava sempre correndo atrás. Nesse meio tempo, meus pais se separaram, e a situação ficou ainda mais apertada lá em casa. Para não ter de comprar todos os livros, passava horas na biblioteca da Universidade, ou tirava cópia de quem tinha. Como gostava bastante de inglês, costumava estudar sozinha em casa, e acabei conseguindo economizar dois anos num curso de língua inglesa da própria Universidade, voltado para pessoas com baixa renda.

 

No penúltimo período da faculdade, consegui meu primeiro estágio de carteira assinada numa Multinacional, e assim que me formei, fui efetivada. Foi um alívio, e ao mesmo tempo, uma surpresa; nunca achei que trabalharia numa empresa daquele porte. Mas, ainda assim, não estava satisfeita. Eu ainda não era completamente independente, e precisava fazer mais dinheiro. Cheguei a pensar em tentar um concurso público, mas foi quando apareceu a minha segunda oportunidade de trabalho - dessa vez, no setor elétrico. Logo de cara, consegui dobrar meu salário; o único problema era que a trajetória de carreira na empresa era extremamente lenta. Naquela época já se falava em Reforma da Previdência, e foi quando percebi que se quisesse mais do tinha alcançado até então, eu precisava investir melhor o dinheiro que ganhava.

 

Com foco e determinação, aos poucos, os resultados começaram a aparecer. Juntei dinheiro o bastante para comprar um apartamento, o que zerou meus investimentos, mas passou a entrar uma grana a mais por mês. Naquele tempo, costumava viajar com meu marido para dentro e fora do Brasil, mas geralmente para lugares onde tínhamos parentes ou amigos - assim economizávamos com hospedagem e alimentação. Eu já tinha realizado o sonho de conhecer Paris, e foi quando decidi que queria conhecer outros destinos, lugares onde ainda não tivéssemos ido, e para isso, eu teria que conseguir usar da melhor forma o tempo e o dinheiro que tínhamos disponíveis para viajar.

 

Foi preciso muito estudo e pesquisa para alcançar esse objetivo. Mas, depois de um tempo, consegui virar a chave, e desde então, chegamos a dobrar, e em alguns momentos até triplicar a quantidade de viagens que fazíamos em um ano. Os amigos mais próximos, que sempre pediam dicas ou ajuda na hora de montar roteiros para as férias, começaram a me incentivar a trabalhar com isso. Será? Hum, talvez não. Foi aí que o destino deu um empurrãozinho...

 

Havia uns dois anos que a empresa em que eu trabalhava vinha mal das pernas, e a cada ano, novos cortes eram feitos; em 2019, eles começaram as ondas de demissões. A pressão no dia-a-dia para entregar cada vez mais em menos tempo era imensa, e no final daquele ano, comecei a sentir os efeitos: dificuldade para dormir, princípios de desmaios, tonturas... Cheguei a pensar que não chegaria aos 50. Finalmente, em janeiro de 2020, chegou a minha vez de ser mandada embora. E ao mesmo tempo em que, mais uma vez, senti alívio, dessa vez, porém, também me vi perdida; nunca havia ficado sem trabalhar desde os meus 21 anos (eu estava com 37).

 

Foi aí que comecei a pensar, pela primeira vez, no que eu gostaria de fazer. No início, foi difícil e confuso (comer conta?), mas comecei a lembrar o que fazia meu coração cantar... viagens. Mais que isso: planejar viagens. "Uma consultoria", foi a primeira coisa que pensei; mas eu sempre tive a mania de querer correr antes de andar, e só "entregar o peixe numa bandeja de prata" não me pareceu o suficiente. Decidi que eu queria "ensinar a pescar".

 

Já fazia um tempo que eu vinha com a ideia meio louca de que viajar deveria ser algo acessível a todos, sem distinção; que ultrapassasse barreiras econômicas e sociais. Um professor de História deveria poder ir à Grécia, berço da civilização, e ver por lá tudo o que ele lê nos livros; um apaixonado por futebol deveria poder ir a pelo menos uma Copa do Mundo, assistir aos seus jogadores favoritos em ação; uma dona de casa deveria realizar o sonho de conhecer Nova York, e ver ao vivo o que ela vê nos filmes e novelas.

 

Não, definitivamente, viajar não é e não deve ser coisa de gente rica. Viajar nos torna seres melhores, mais abertos a escutar e entender o próximo, mais livres, por fora e por dentro; viajar transforma. E foi por ter sido transformada através das viagens que eu decidi que vou ajudar pessoas comuns a viajarem mais e melhor. E essa será a minha missão: libertar um viajante por vez.

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